Litografia: o que é e como funciona o processo de impressão litográfica

Litografia: o que é e como funciona o processo de impressão litográfica

Redação Publicado em 10/25/2023

O que é a litografia?

Comecemos por estudar a palavra, que deriva do grego e resulta da fusão de dois termos: lithos, que significa pedra, e ghafhé, escrita. Aqui é revelado o protagonista: a pedra.

O processo de impressão litográfica foi desenvolvido em 1796 por Aloys Senefelder (Praga, 1771 – Munique, 1834). A técnica foi muito utilizada (e ainda é) no mundo da arte, uma vez que permite reproduzir várias cópias, mesmo a cores, de desenhos feitos à mão livre. Muitos artistas criaram litografias maravilhosas ao longo do tempo, para citar apenas alguns: Georges Braque, Marc Chagall, Salvador Dalí, Francisco Goya, Paul Klee, Édouard Manet, Joan Miró, Edvard Munch e Pablo Picasso.

Mas como é que este processo de impressão “química” funciona? Veremos.

Por dentro do processo de impressão litográfica

O princípio da litografia é químico, é simples e é conhecido de todos: a água e as substâncias oleosas ou gordas repelem-se mutuamente. Dito isto, é possível chegar ao cerne do processo sem nos perdermos.

A pedra litográfica é um calcário extraído das pedreiras de Solnhofen, na Baviera, composto quase exclusivamente por carbonato de cálcio. As suas características? É muito durável, tem um grão muito fino e é super poroso, pelo que absorve facilmente a água. A pedra ideal para a impressão não deve ter defeitos, a sua superfície deve ser extremamente regular e a sua espessura não deve ser inferior a 6 cm, de modo a minimizar o risco de quebra. A placa é cortada em secções rectangulares, alisada e os bordos são chanfrados.

PEDRA LITOGRÁFICA DE IMAGEM
Uma pedra litográfica em preparação

Esta é uma chapa litográfica. Na sua superfície, o desenho é efectuado com lápis gordos ou resinosos, também chamados “lápis de sabão”. Em seguida, a pedra é polvilhada com pó de talco e humedecida com uma solução de ácido acético e goma-arábica: o ácido acético dá mais relevo ao desenho, a goma-arábica aumenta a refractariedade da pedra às substâncias gordas. Em seguida, a placa é lavada e, ainda húmida, é pintada com um rolo. Neste momento, dá-se uma reação química: nas zonas que não foram cobertas pela tinta, o ácido transforma o carbonato de cálcio da pedra em nitrato de cálcio, que tem uma propriedade hidrofílica. Na zona desenhada, pelo contrário, o carbonato de cálcio retém a tinta.

PEDRA PREPARADA
A pedra litográfica preparada

Em seguida, uma folha de papel é colocada sobre a placa e pressionada para transferir o desenho. Obtém-se assim a primeira impressão litográfica, caracterizada por um traço muito preciso e nítido. Este processo pode ser repetido várias vezes, ou mesmo centenas, através da tinta e da humidificação da mesma placa.

Aqui pode observar o resultado. Trata-se de uma litografia de Benedetto Eredi (1750 – 1812), Jesus antes da crucificação.

 OPERA LITOGRAFICA
Exemplo de trabalho litográfico

Como já referimos, a litografia implica também a reprodução de cores (até 30 na mesma obra), aspeto que contribuiu para a difusão da técnica não só no domínio artístico, mas também na impressão de cartazes e na ilustração de livros. A cromolitografia, como é chamada, é um processo muito trabalhoso: considere-se que, para cada cor a incluir na obra, é necessário preparar uma chapa com o desenho perfeitamente reproduzido. Escusado será dizer que quanto maior for o número de cores, mais demorado será o processo.

LITOGRAFIA A CORES
Litografia a cores

Até agora, falámos sobre o processo original de impressão litográfica. No entanto, com o passar do tempo, foram feitas várias adaptações à técnica para a tornar mais prática e rápida. A maior delas diz respeito à pedra litográfica, um material pouco prático de manusear, pesado e que pode partir-se. Por isso, a pedra é agora substituída por chapas de zinco e alumínio, dois materiais que garantem um resultado perfeito. De acordo com a tradição, a técnica toma o nome do material utilizado, pelo que falaremos de zincografia, sobre zinco, e de algrafia, sobre alumínio.

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