Tornar-se um ilustrador: 7 passos para transformar a sua paixão numa profissão

Tornar-se um ilustrador: 7 passos para transformar a sua paixão numa profissão

Candido Romano Publicado em 10/25/2023

Fazer do desenho e da ilustração a sua profissão é a aspiração de muitos. No entanto, nem todos conseguem tornar-se ilustradores profissionais e transformar a sua paixão num trabalho que pague as contas. Com o passar do tempo, muitos desistem, pensando que não têm talento ou param nas primeiras dificuldades. Mas o talento não é necessariamente algo inato: a criatividade é, de facto, um exercício que deve ser cultivado todos os dias.

Transformar a sua paixão numa profissão, neste caso como ilustrador, requer uma série de passos importantes. Hoje, vamos analisar um roteiro com dicas práticas para se tornar um ilustrador.

1 – Tornar-se um ilustrador: começar é o mais difícil

Uma base sólida em qualquer trabalho criativo é essencial, também para se tornar um ilustrador. É necessário, antes de mais:

  • Praticar muito: tem de ser um especialista no seu tema, por isso pratique todos os dias para conhecer bem a anatomia, a cor e a composição. Frequentar uma escola de ilustração para obter uma formação adequada pode ser útil, mas não é necessariamente necessário. Existem também várias soluções em linha, incluindo o Skillshare, que oferece bons cursos de ilustração leccionados por ilustradores profissionais de sucesso.
  • Ilustração digital ou tradicional: isto não é importante, é preciso experimentar diferentes técnicas. É essencial “sujar as mãos”, cometer erros e tentar de novo. Uma ilustração acabada é melhor do que uma ilustração perfeita. É preciso estabelecer objectivos, mesmo que não sejam extremos, como produzir uma ilustração acabada por semana. O livro How to Be an Illustrator é um bom ponto de partida.
  • Conhecer quem veio antes de nós: a ilustração deve ser estudada, tanto os autores contemporâneos como os grandes do passado. Isto para conhecer os estilos, as técnicas e as possibilidades que este ofício pode oferecer. Fifty Years of Illustration é um volume absolutamente obrigatório na sua secretária. Tornar-se um ilustrador significa também ter uma imagem exacta do estado da arte da ilustração no passado recente e no presente.
Uma página do livro Fifty Years of Illustration, organizada cronologicamente – Credits: Laurence King

2 – Tornar-se ilustrador: Compreender-se a si próprio antes de ser compreendido

Depois de construir uma base técnica sólida e de conhecer o trabalho de vários autores, inicia-se um caminho que pode ser longo e tortuoso, mas necessário. Aqueles que querem tornar-se ilustradores devem primeiro colocar a si próprios uma questão fundamental: quem sou eu? A resposta não é de modo algum simples, porque inicialmente temos tendência a copiar o estilo dos nossos autores preferidos.

A certa altura, é preciso encontrar a sua própria voz, certamente com as influências do que se estudou, mas suficientemente única para tornar o que se produz pessoal, para ser reconhecível e criar uma personalidade forte através das suas ilustrações.

Com o tempo, perceberá em que é que é bom, criando aquilo de que gosta: ilustração infantil? Temas de ficção científica? Ou então, variar entre diferentes géneros, mas mantendo um estilo consistente? Isto serve para se identificar e ser útil para os objectivos de marketing de uma determinada revista ou agência de comunicação. O objetivo não é olhar para a sua ilustração e sentir-se satisfeito, mas sim compreender as necessidades dos potenciais clientes (jornais, revistas, agências, eventos) e produzir um trabalho que funcione, que conte uma história clara e emocionante quando combinada com texto. Para se tornar um ilustrador profissional, é necessário compreender onde é que as suas competências e capacidades podem ser utilizadas na prática.

Moodboard de várias ilustrações – Credits: Candido Romano

3 – Tornar-se ilustrador: construir a sua própria marca

Muitos ilustradores trabalham como freelancers: isto significa procurar clientes para trabalhar, mas também, e sobretudo, comunicar o seu trabalho da melhor forma possível para ser encontrado. Não basta apenas ser bom, mas também ter uma visão clara para ser notado, online e offline, por potenciais clientes.

O chamado personal branding é muito mais do que uma lista de clientes ou um portefólio, que vêm depois. Em vez disso, trata-se de tudo o que um ilustrador faz, o que escreve, os seus interesses, a sua personalidade. Aqui ficam algumas dicas e ferramentas para construir uma identidade forte:

  • Fornecer uma imagem sincera de si próprio: desta forma, os seus seguidores e potenciais clientes também serão capazes de representar corretamente o trabalho que mostra. Branding significa construir uma reputação: se for honesto com as pessoas, verá um retorno futuro.
  • Seja coerente: na linguagem que utiliza, no seu estilo, nos temas que ilustra.
  • Ter uma identidade visual concreta: aqui, deve ter um logótipo e um nome reconhecíveis, cartões de visita.
  • Estabeleça objectivos a médio, curto e longo prazo: estes objectivos são úteis para concentrar a atenção num objetivo. “Dentro de dois anos, quero publicar uma das minhas ilustrações naquela revista”. Talvez não se concretize, mas entretanto algo mudou: a produção de novas ilustrações, o esforço para contactar aquele diretor artístico específico. Tudo experiências úteis para tentar de novo no futuro. Além disso, este processo pode ser partilhado (online e offline) para se mostrar ativo aos olhos de todos.
Com os cartões de visita enobrecidos, obtém-se uma melhor sensação e um melhor aspeto – Credits: Pixartprinting

4 – Tornar-se ilustrador: promover o seu trabalho offline

Depois de ter adquirido experiência na área, de ter escolhido as melhores ilustrações para mostrar e o tipo de clientes com quem trabalhar, é necessário passar à fase de aquisição. Isto significa deixar claro aos potenciais clientes que está disposto a assumir a responsabilidade por determinados trabalhos como ilustrador. Se quer realmente ganhar dinheiro com esta profissão, tem de se ver a si próprio como uma empresa. Significa procurar ativamente comissões, estabelecer ligações com clientes, em suma, chamar-se a si próprio por uma palavra: ilustrador, não mais aspirante.

Eis algumas dicas práticas para se tornar conhecido.

  • Construa o seu portefólio (e mostre-o): é essencial e deve representar da melhor forma o seu estilo, as suas ideias e conter os seus melhores trabalhos. Por exemplo, a Pixartprinting oferece várias soluções de impressão, como revistas, catálogos e livros. As possibilidades são muitas e podem ir ao encontro de diferentes gostos: imprimir o seu portefólio de forma profissional é fundamental para se tornar um ilustrador profissional.
  • Entre em contacto com o sector: participar em feiras e eventos do sector na sua área e estabelecer contactos, conhecendo pessoas ao vivo, pode ser muito útil para o futuro. É preciso sair do estúdio e não ter medo de se mostrar como se é. Tornar-se ilustrador significa também saber movimentar-se nos diferentes sectores onde as suas produções podem encontrar um mercado.
  • Fazer chegar o seu trabalho às mãos dos directores artísticos: fazer uma lista de potenciais clientes com quem gostaria de trabalhar e quem decide sobre as publicações. É necessário ter um conhecimento profundo do objeto da agência ou da revista a que se está a propor; é inútil propor-se sem saber que problemas pode resolver para o cliente. Um método tradicional, mas ainda útil, é enviar cartas curtas com material impresso, por exemplo, um pequeno cartão ou postal com a sua própria ilustração para anunciar que está disponível.
A escolha é grande quando se trata de construir o seu portefólio, com diferentes formatos, estilos e tamanhos – Credits: Pixartprinting

5 – Tornar-se ilustrador: Promover o seu trabalho em linha

Tornar-se ilustrador é também uma questão de imagem. Atualmente, a Internet desempenha um papel fundamental na promoção do nosso trabalho. É importante criar a sua própria presença digital, dia após dia, é essencial para ver o seu trabalho “florescer”. O conselho é criar um portefólio online do seu trabalho, mesmo com um blogue para contar o seu percurso e experiência, de modo a ser encontrado também no Google. Uma presença em pelo menos três plataformas também é importante:

  • Instagram: muito útil e cheio de directores de arte à procura de ilustradores. Nesta plataforma, as hashtags são muito importantes (por exemplo, #art, #illustrationtoday e muitas outras). Servem para dar visibilidade às suas ilustrações, pelo que, pelo menos neste caso, devem ser sempre utilizadas, embora com alguma parcimónia. O conselho é criar uma conta específica para mostrar o seu trabalho e participar ativamente. Seguir os seus ilustradores favoritos (aqui está um motor de busca útil para ilustradores) e publicar regularmente pode ajudar muito. Dar a conhecer aos outros o seu apreço também é muito útil: sem exagerar, pode comentar o trabalho de outros artistas utilizando a sua própria conta. No entanto, devem ser comentários construtivos e não meros comentários de marketing em grande quantidade.
  • Facebook, Behance e Dribble: estas são também plataformas úteis onde pode criar um perfil e mostrar o que sabe fazer. O importante é participar ativamente e ser coerente na publicação de material. Mostre o seu trabalho, mas também o contexto: não é apenas necessário publicar os seus desenhos ou ilustrações acabados. Pode publicar o processo que levou ao trabalho final, esboços, um vídeo enquanto cria algo.
  • E-mail: muitos directores artísticos preferem ser contactados simplesmente por e-mail. Pode então preparar uma lista de correio eletrónico e enviá-la aos directores artísticos, incluindo alguns exemplos do seu trabalho e ligações para os seus perfis sociais. Existem também soluções pagas que oferecem bases de dados de contactos, mas, por exemplo, uma simples pesquisa pela palavra-chave “Diretor de Arte” no LinkedIn também pode ser útil. Naturalmente, nunca envie material sem conhecer bem a empresa que está a contactar.
O Instagram pode realmente ser uma ferramenta poderosa para ser encontrado – Credits: Candido Romano

Tornar-se ilustrador não é certamente fácil e não é uma carreira da qual se possa esperar um sucesso imediato: é preciso muita paciência, muito trabalho e alguns anos para construir uma base técnica sólida e, posteriormente, clientes, mas a satisfação final será grande. Estas são apenas algumas ideias e inspirações para lançar a sua carreira e tornar-se um ilustrador profissional. Mas há um elemento fundamental que não pode faltar a quem decide enveredar por este caminho: a paixão. Ilustrar e desenhar deve ser realmente algo que lhe dê alegria e prazer. Com este ponto de partida, será mais fácil motivá-lo e levá-lo a adotar soluções criativas e a pôr em prática a sua criatividade e o seu talento.

Especialmente agora que é fácil auto-patrocinar-se e propagar-se através da rede, a paixão sincera e genuína torna-se um elemento-chave na tentativa de se tornar um ilustrador profissional.

6 – Tornar-se ilustrador: lidar com a burocracia

Como em qualquer negócio, se quiser tornar-se ilustrador, precisa de perceber como enquadrar esta profissão do ponto de vista legal e fiscal.

Encontrar o seu caminho não é, de modo algum, simples. Vamos agora tentar dar-lhe algumas indicações básicas que terá de analisar. Em primeiro lugar, tem de responder a uma pergunta: faz da ilustração a sua atividade profissional principal ou é antes uma atividade secundária ou um hobby?

Se for uma atividade secundária e ocasional, a sua atividade pode ser tributada como colaboração ocasional. O limite de remuneração que pode receber num ano é de 5.000 euros líquidos (este valor aumenta ligeiramente para os estudantes com menos de 25 anos). Se é ilustrador de profissão, é provável que ultrapasse este limite num ano. Nesse caso, terá de abrir um número de IVA.

Por último, as coisas mudam se tenciona trabalhar principalmente no sector editorial. Neste caso, os contratos com as editoras implicam geralmente a transferência de direitos de autor e nem sempre é necessário abrir um número de IVA.

7 – Tornar-se ilustrador (e continuar a sê-lo): Formação contínua

Realizar o sonho de se tornar ilustrador é algo fantástico. Parabéns! Mas se se tornou ilustrador, deve ter percebido uma coisa: não é um objetivo estável que se atinge, é antes uma viagem constante – tão cansativa quanto excitante!

Quando começar a trabalhar como ilustrador, a melhoria contínua e a procura de contactos, novas colaborações e estímulos serão o seu pão e a sua manteiga. Eis alguns conselhos sobre este assunto.

  • Participe em workshops e formações: as escolas de verão e os cursos para profissionais são uma excelente oportunidade para continuar a atualizar e dar novas orientações ao seu trabalho. São também uma boa forma de fazer amigos e de fazer uma pequena pausa na rotina diária.
  • As feiras comerciais são outra grande oportunidade para estabelecer contactos, para descobrir o que os outros ilustradores estão a fazer e o que os clientes exigem. Ao participar, pode também dar-se a conhecer pessoalmente! Em Itália e na Europa, existem feiras internacionais de renome, como a Feira do Livro Infantil de Bolonha, dedicada à edição e à ilustração infantil, mas também uma infinidade de eventos mais pequenos e igualmente interessantes!
  • Livros, revistas, bibliotecas. Não devemos subestimar os recursos em papel. Os livros e os manuais podem ajudá-lo a melhorar o seu estilo. A investigação contínua implica também descobrir, observar e analisar as obras-primas do passado (sobretudo as escondidas e menos conhecidas). As visitas a bibliotecas especializadas ou a livrarias históricas são sempre uma fonte de surpresas interessantes.

Então, vamos lá: tem todos os ingredientes para se envolver!

Bom trabalho