BrandVolution: Versace, a história de um logótipo mitológico

BrandVolution: Versace, a história de um logótipo mitológico

Redação Publicado em 10/25/2023

Era extravagante, pouco convencional, com uma paixão desenfreada por tecidos sofisticados. Em 1995, a revista Time consagrou-o como o homem do momento.

As suas criações foram usadas pelas mais famosas supermodelos: Naomi Campbell, Linda Evangelista, Claudia Schiffer, Carla Bruni, Cindy Crawford. Fora da passerelle, estrelas como Elton John, Bon Jovi, Sylvester Stallone, Madonna e Cher escolheram as suas roupas. Uma exposição foi dedicada à sua marca no Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque em 1998 e uma exposição no Victoria and Albert Museum em Londres em 2002.

Aqui falamos de uma marca que é um símbolo da alta costura italiana: Versace. Percorremos a história do seu logótipo diferente e inconfundível.

A Casa de Versace

Se já conhece a história da empresa, pode passar para o parágrafo seguinte, onde vamos directos ao assunto. Ou melhor, ao logótipo. Se, por outro lado, tem curiosidade em saber como nasceu a grande maison e como se desenvolveu, aqui fica um breve olhar sobre a sua história.

Corria o ano de 1972 quando o ambicioso Gianni Versace deixou a Calábria e se mudou para Milão para desenhar uma coleção para a empresa Florentine Flowers. A coleção foi um grande sucesso e, pouco depois, surgiram outras colaborações importantes com Callaghan, Complice e Genny. Entretanto, consolidou-se o desejo de criar a sua própria marca que representasse o homem, o designer e o empresário Gianni Versace. Assim, em 1978, nasce a primeira coleção assinada pelo estilista. Em 1988, a sua irmã mais nova, Donatella, juntou-se também à empresa com a direção da marca Versus, a linha jovem de Versace.

Muito se tem escrito e falado sobre a “tragédia Versace“, e na Netflix pode mesmo encontrar uma série televisiva, “The Assassination of Gianni Versace”, que reconstitui o hediondo assassinato ocorrido a 15 de julho de 1997. Nesse dia, Gianni Versace foi assassinado pelo assassino em série Andrew Cunanan na sua mansão em Miami Beach. O assassino suicidou-se oito dias após a sua captura.

Após a morte do estilista, a empresa enfrentou uma crise profunda. O acontecimento marcou também uma ferida para a marca: o nome Gianni desapareceu e ficou apenas o apelido: Versace. O legado do estilista é ainda hoje continuado por Donatella Versace, que é a directora criativa da casa de moda.

Logótipo Versace: como mudou ao longo do tempo

Em 1980, dois anos após a fundação da marca, Gianni Versace apresentou o primeiro logótipo escolhido para a sua casa de moda, talvez alguns de vós ainda se lembrem dele.

O tipo de letra utilizado é o Avant Garde light, o texto é compacto e as letras aproximam-se umas das outras como se formassem os elos de uma corrente. Veja-se, por exemplo, como o “c” e o “e” se interpenetram. O efeito é certamente elegante. Em 1990, o tipo de letra foi substituído por um “Radiant medium”, muito diferente do seu antecessor: o sinal é mais limpo, mas é sobretudo mais incisivo e marcado, querendo sublinhar uma identidade forte e estabelecida.

E a icónica cabeça de Medusa? Para isso, é preciso esperar pelo logótipo lançado em 1993.

A partir desta altura, o logótipo Versace sofreu apenas pequenas alterações, diminuindo a espessura das letras e aumentando o espaçamento. A imagem da cabeça da Medusa, no entanto, manteve-se mais ou menos a mesma, como que para enfatizar o seu classicismo. E mesmo quando não acompanha o logótipo, a Medusa está sempre presente: dê uma vista de olhos no site da Versace e vai encontrá-la em todo o lado.

A Medusa e o seu significado

Mas porque é que Gianni Versace escolheu a imagem da Medusa? A escolha é, sem dúvida, singular.

Comecemos por uma anedota: Gianni Versace cresceu em Roma, uma cidade rica em história e mitos. A primeira vez que viu a figura da Medusa era apenas uma criança, viu-a representada no chão de uma antiga mansão romana onde brincava com os seus irmãos. Por alguma razão, essa imagem impressionou-o mesmo antes de ter descoberto a história e ficou gravada na sua memória.

Agora, recordemos brevemente o mito: a história conta que a bela Medusa seduziu Poseidon no templo de Atena, despertando toda a sua ira. Atena vinga-se, transformando a Medusa num monstro temível, com pêlos de serpente e presas em vez de dentes. A partir daí, o seu olhar petrifica qualquer pessoa que a contemple.

Esta história fala-nos de dois vícios: a luxúria e a vaidade. Sem estes dois vícios, o mundo da moda não existiria. Não sabemos se esta escolha foi feita conscientemente por Gianni Versace, portanto com um toque de ironia, ou se é apenas o resultado de uma memória nostálgica. O que é certo, porém, é que esta imagem transporta consigo um universo simbólico que não podemos ignorar:

  • Há a homenagem às gloriosas civilizações do Mediterrâneo, um legado também visível no estilo rico e sumptuoso das roupas de Gianni Versace.
  • Há a figura mitológica da Medusa, sedutora e atraente como a moda deve ser.
  • Há a luxúria e a vaidade, dois temas intrinsecamente ligados ao mundo do luxo.

Além disso, não esqueçamos que a Medusa é também um símbolo auspicioso: deriva do grego Μέδουσα e significa protetor, guardião. O símbolo foi, portanto, concebido para ser um bom presságio de um futuro glorioso para a casa de moda. E talvez houvesse algo mais por trás da decisão de ligar o mito à sua marca: o desejo de tornar as suas colecções intemporais, “mitológicas” de facto.